"Antero de Quental (1842-1891) nasceu em Ponta Delgada, Açores.
Frequentou a Universidade de Coimbra, tendo passado depois algum tempo em Paris.
Viajou pelos Estados Unidos e Canadá, fixando-se em Lisboa. Pertenceu à chamada Geração de Setenta, grupo que pretendia renovar a mentalidade
portuguesa, e participou nas Conferências do Casino. Foi amigo, entre outros, de
Eça de Queirós e Oliveira Martins. Atacado por uma doença do foro psiquiátrico,
regressa aos Açores onde se suicida. As suas obras vão da poesia à reflexão
filosófica: Raios de Extinta Luz, Odes
Modernas, Primaveras Românticas, Sonetos,
Prosas e Cartas." (in http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/antero.htm)
Antero de Quental em e-book (gratuito):
Para assinalarmos a efeméride, não resistimos a "roubar" o "doodle" e, porque a melhor forma de homenagear um autor é ler a sua obra, transcrevemos dois poemas:
HINO À RAZÃO
Razão, irmã do Amor e da Justiça,
Mais uma vez escuta a minha prece.
É a voz dum coração que te apetece,
Duma alma livre só a ti submissa.
Por ti é que a poeira movediça
De astros, sóis e mundos permanece;
E é por ti que a virtude prevalece,
E a flor do heroísmo medra e viça.
Por ti, na arena trágica, as nações
buscam a liberdade entre clarões;
e os que olham o futuro e cismam, mudos,
Por ti podem sofrer e não se abatem,
Mãe de filhos robustos que combatem
Tendo o teu nome escrito em seus escudos!
O PALÁCIO DA VENTURA
Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da Ventura!
Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura…
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!
Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado…
Abri-vos, portas de ouro, ante meus ais!
Abrem-se as portas d’ouro com fragor…
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!
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