papa-livros

Bem-vindos!
"papa-livros", título proposto pelos alunos do 9º ano (2007/08), é o "blogue" da BE/CRE da Escola Secundária de Sampaio.
Está aberto à participação de todos (alunos, professores, funcionários e pais/encarregados de educação).
Se quiseres participar, envia o teu texto/imagens para papalivros0@gmail.com

sexta-feira, 17 de junho de 2011


Comemora-se amanhã, dia 18 de Junho, o 1º aniversário da morte de José Saramago, prémio Nobel da Literatura.
"O primeiro ano sem Saramago começou às 11.30 do dia 18 de Junho de 2010, quando os médicos Gracia Lanzas e Domingo Guzmán se olharam e ela, após um leve assentimento do companheiro, pronunciou as palavras que ninguém na casa queria ouvir: «Hora da morte, 11 e 30». Aí começou a vida sem Saramago, embora Saramago continuasse a ser o centro de todos os passos, de todas as palavras e de todos os abraços, o centro do mundo para aqueles que já nada podiam fazer, nem acrescentar uma palavra, nem mostrar o sorriso que ficou adiado, nem sentir o apertar de mãos, gesto impossível, Saramago havia morrido e essa palavra – morte – é definitiva.

Nesse dia, a essa hora, começou também uma viagem diferente para os que haviam convivido com Saramago mas, apesar do terrível peso da realidade, que esmaga e de que maneira, os que rodeavam Saramago levantaram a cabeça, deixaram que as lágrimas corressem por dentro e fizeram o que estava combinado: viver também pelo ausente, tê-lo sempre no coração, no sangue, nos livros, nas conversas e nos brindes. Não morrerá de todo quem está tão presente na memória, disseram-se mutuamente e começaram a contar o tempo.
(...)

Neste primeiro ano sem Saramago continuaram a publicar-se os seus livros de acordo com o calendário estabelecido quando era vivo e falava com a sua agente e com os editores mais próximos. Anuncia-se para o Outono a publicação do seu segundo livro de juventude, Clarabóia, esse que dormiu o sono dos justos quase quarenta anos sem que Saramago recebesse resposta alguma e que, quando o jovem que o escreveu era já um homem maduro e havia publicado grandes livros, a editora quis dá-lo à estampa. Saramago disse que enquanto vivesse não seria publicado embora tivesse consciência de que o livro veria a luz do dia, porque é um presente que os leitores merecem. Aparecerão também em breve as páginas que tinha escritas de um romance complexo, tão difícil como necessário: Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas, um verso de Gil Vicente, uma outra forma que Saramago encontrou de ser a ponte entre os clássicos e os leitores contemporâneos, assim o seu Camões em Que Farei com Este Livro?, ou nas contínuas referências ao Padre António Vieira, a Pessoa, Almeida Garrett ou Eça, o inventor do romance moderno. Ou Raúl Brandão, Almada Negreiros, ou os seus contemporâneos, Jorge de Sena, Rodrigues Miguéis entre outros, autores de que a Fundação deve cuidar porque também nasceu para isto."
Texto de Pilar del Rio
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http://www.josesaramago.org/detalle.php?id=1245