Esta é uma das fotografias de Robert Doisneau, expostas numa das vitrinas à entrada da BE-CRE.Transcrevemos um texto escrito por João Tavares, do 10º B, que se inspirou nela.
"O acordeonista da Rue Mouffetard"
O homem toca, solitário,
Nas ruas da cidade.
Tudo o que quer é um ouvinte,
alguém que perceba a sua dor,
Mas ninguém olha.
As pessoas passam.
Vivem as suas vidas mundanas,
Espalham a sua indiferença,
Pois o coração delas está virado apenas para si
E não para um velho cego que toca acordeão.
Ele está só,
Apenas com o seu acordeão,
A sua bengala, a sua caixa de esmolas vazia
E a sua dor.
As pessoas passam,
As pessoas vêem,
As pessoas desviam o olhar.
Não querem saber dele,
Os seus problemas são bem mais importantes.
Não têm tempo
Para desperdiçar com um velho cego.
Ele abre o coração em plena rua,
Faz da dor as suas notas.
Só precisa que alguém o ouça,
Alguém que o ajude,
Alguém que lhe tire as facas que tem no coração,
Mas ninguém quer saber dele.
Ele está só no meio da multidão,
É uma clareira num mar de cabeças.
Ninguém o vê,
Ninguém quer saber.
Tudo o que ele tem é a sua própria solidão.
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