papa-livros

Bem-vindos!
"papa-livros", título proposto pelos alunos do 9º ano (2007/08), é o "blogue" da BE/CRE da Escola Secundária de Sampaio.
Está aberto à participação de todos (alunos, professores, funcionários e pais/encarregados de educação).
Se quiseres participar, envia o teu texto/imagens para papalivros0@gmail.com

sexta-feira, 18 de junho de 2010

José Saramago (1922-2010)

Deixamos aqui o excerto de uma entrevista feita ao escritor quando lhe foi atribuído o Prémio Nobel em 1998.


"José Saramago nasceu na aldeia ribatejana de Azinhaga, concelho de Golegã, no dia 16 de Novembro de 1922, embora o registo oficial mencione o dia 18. Seus pais emigraram para Lisboa quando ele ainda não perfizera três anos de idade. Toda a sua vida tem decorrido na capital, embora até ao princípio da idade madura tivessem sido numerosas e às vezes prolongadas as suas estadas na aldeia natal. Fez estudos secundários (liceal e técnico) que não pôde continuar por dificuldades económicas.

No seu primeiro emprego foi serralheiro mecânico, tendo depois exercido diversas outras profissões, a saber: desenhador, funcionário da saúde e da previdência social, editor, tradutor, jornalista. Publicou o seu primeiro livro, um romance ("Terra do Pecado"), em 1947, tendo estado depois sem publicar até 1966. Trabalhou durante doze anos numa editora, onde exerceu funções de direcção literária e de produção. Colaborou como crítico literário na Revista "Seara Nova".
Em 1972 e 1973 fez parte da redacção do Jornal "Diário de Lisboa" onde foi comentador político, tendo também coordenado, durante alguns meses, o suplemento cultural daquele vespertino. Pertenceu à primeira Direcção da Associação Portuguesa de Escritores. Entre Abril e Novembro de 1975 foi director-adjunto do "Diário de Notícias". Desde 1976 vive exclusivamente do seu trabalho literário." in http://www.caleida.pt/saramago/

Além de romances, escreveu e publicou poesia, teatro, diários, contos, narrativa de viagem e crónicas.

Morreu hoje, dia 18 de Junho de 2010, em Lanzarote.

Testemunho pessoal:
Lembro-me de que José Saramago esteve na bilioteca da nossa escola há muitos anos (talvez vinte) e de ter conversado com professores e alunos de uma forma simples e cordial, sem criar distâncias entre o escritor já, nesse tempo, reconhecido nacional e internacionalmente, e o seu público. No final, despedi-me dele até ao próximo livro -na altura, anunciava-se O livro das tentações que  nunca chegou a ser publicado; creio que parte desse projecto do autor foi contemplado no livro As pequenas memórias.
Anos mais tarde, abordei-o no Feira do Livro, porque estava a preparar um trabalho sobre os contos de Objecto quase, que seria, depois, aprofundado com o estudo das crónicas literárias e desse romance-charneira que é Manual de pintura e caligrafia. De imediato, escreveu num papel -que conservo algures- a sua morada de Lanzarote e, quando lhe enviei o artigo que escrevera sobre Objecto quase, respondeu-me agradecendo o meu interesse nessa parte da sua obra que até aí não merecera grande atenção nem dos críticos nem dos estudiosos.
Havia quem o considerasse vaidoso. Sim, era vaidoso, mas essa vaidade justificava-se talvez pelo facto de o seu talento ter sido reconhecido tardiamente. E, sim, era um homem polémico. Mas, nunca se esqueceu do seu semelhante, nunca perdoou a hipocrisia e a injustiça social e foi-se zangado com o mundo e os homens.
Hoje (19 de Junho), fiquei chocada com a 1ª página do Correio da Manhã, pois reservou ao escritor apenas um espaço diminuto da coluna direita e, além do ano de nascimento e da morte, só dizia isto: "Estado paga avião do funeral de Saramago". E faz o que lhe compete: o Estado, todos nós devemos muito a Saramago. O autor e a obra divulgaram e promoveram a língua e a cultura portuguesa em todo o mundo.
Termino com um lugar comum: a melhor forma de homenagear um autor é ler a sua obra. E, à excepção de alguns títulos menos felizes, ela merece ser toda lida. Pessoalmente, gosto muito de Objecto quase, Manual de pintura e caligrafia, Levantado do chão, Viagem a Portugal, Memorial do convento, O ano da morte de Ricardo Reis, Ensaio sobre a cegueira, Todos os nomes e de um conto extraordinário intitulado "O ouvido" ou ainda de O ano de 1993 (foi o primeiro livro que li do autor).
Idalina Costa

Links:
http://www.josesaramago.org/ (Fundação José Saramago)
http://www.dglb.pt/sites/DGLB/Portugu%c3%aas/autores/Paginas/PesquisaAutores1.aspx?AutorId=8277 (Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas)
http://purl.pt/13867/1/ (Colecção Digital da Biblioteca Nacional)
http://nobelprize.org/nobel_prizes/literature/laureates/1998/lecture-p.html (discurso de Estocolmo - "De como a personagem foi  mestre e o autor seu aprendiz")
http://www.releituras.com/jsaramago_menu.asp ("O conto da ilha desconhecida")
http://www.elpais.com/especial/jose-saramago/ (Dossier especial do diário espanhol ElPaís, dedicado a Saramago

Sem comentários: