papa-livros

Bem-vindos!
"papa-livros", título proposto pelos alunos do 9º ano (2007/08), é o "blogue" da BE/CRE da Escola Secundária de Sampaio.
Está aberto à participação de todos (alunos, professores, funcionários e pais/encarregados de educação).
Se quiseres participar, envia o teu texto/imagens para papalivros0@gmail.com

quinta-feira, 12 de junho de 2008

"Diário de bordo" (textos de alunos do 9º C)

Eis alguns dos textos escritos pelos alunos do 9º C a propósito do estudo do texto diarístico e tendo, como ponto de partida, o conto "Hans" (Histórias da Terra e do Mar) de Sophia de Mello Breyner Andresen:

Águas do Sul, 12 de Agosto
Desculpa já não te escrever há algum tempo, mas é que têm acontecido tantas coisas ao mesmo tempo. Hoje estou num grande dilema e, por isso, escrevo-te, preciso da tua ajuda, ou apenas de desabafar!
Na semana passada, houve um temporal grande, frio e mortífero. Ninguém o previa, mas aconteceu, e, com ele, trouxe demasiadas desgraças para estes marinheiros cuja moral anda muito por baixo.
Começou ao fim da tarde, com chuva apenas, mas depois, passados alguns minutos, já ninguém a conseguia deter. As ondas ficaram maiores que montanhas, cada vez entrava mais água no barco.
Todos nós lutámos contra aquele pesadelo, com todas as nossas forças, mas, infelizmente, isso não foi suficiente. O capitão, enquanto tentava virar o barco, foi empurrado pelo vento e caíu à agua gelada. Ainda o tentámos socorrer, mas já era tarde de mais. A tempestade fora implacável.
Nunca tinha visto a tripulação tão desgostosa e infeliz! Assim, decidimos que na manhã seguinte iríamos aportar. Hoje embarcámos outra vez, mas subitamente um tripulante fez uma pergunta: "quem será o novo capitão?". Ainda ninguém tinha pensado nisso. Fez-se silêncio até que alguém disse que deveria ser eu!
E é por isso que estou assim, confuso e desorientado. É verdade que sempre foi o que quis ser, mas acho que ainda não estou à altura de tal posto, e, depois, se faço alguma coisa de errado?
Bem, acho que vou pensar mais um pouco sobre o assunto, mas devo aceitar. Obrigado, companheiro, até uma próxima!
Teu fiel amigo,
Hans
Rita Cruz, nº 16


10 de Março de 1890


Olá, amigo,

este é o primeiro dia em que te escrevo, pois eu preciso de falar com alguém. Fugi de casa por minha vontade para poder ser capitão de um navio e descobrir todas as maravilhas do oceano. Fiz tudo contra a vontade dos meus pais e, na altura, pareceu-me que estava a fazer o que era correcto, mas, agora, a verdade é que sinto falta deles, falta de Vig e falta de todas as pessoas a quem eu pude um dia chamar amigas.

Não sei ao certo se estou arrependido ou não pelo que fiz. Há dias em que tudo o que vejo, faço e aprendo no mar valeu a pena. Mas há outros em que estou tão sozinho nesta ilha flutuante que parece que o melhor teria sido ficar em casa. Sempre que penso nos meus pais, dá-me vontade de chorar... Gostava muito de os poder ver, saber como estão e, principalmente, o que pensam de mim neste momento.

Quando chegar a terra, vou tentar contactá-los, tenho muitas saudades deles. Espero um dia voltar a encontrar conforto junto deles e voltar a sentir a brisa que corre em Vig. Vou ter de ir embora. Espero voltar a falar contigo em breve. Durante este pouco tempo, foste um grande amigo.

Mariana, nº 12

Querido amigo,

Sinceramente já não consigo exprimir o que sinto , nestes últimos já se passou tanto, foram tantos sentimentos, emoções que nunca esperei viver, coisas que não esperava ver, os sons dos mares que nunca esperei ouvir, tanto, imenso!...

Tenho saudades daqueles que amo! Mas eu tinha de fazê-lo. Tinha mesmo, era o meu sonho.

Agora, aqui sentado no barco, relembro estes últimos dias, os mares por onde naveguei, os que espero ainda navegar... as paisagens encantadoras que já vi... as tempestades horríveis que enfrentei, enfim...

Ouvindo o barulho do mar, calmo e sereno, pergunto a mim mesmo "será que um dia poderei olhar para os olhos do meu pai e ouvir a frase mais desejada?" que é "Estás perdoado, meu filho". Será que, antes de morrer, poderei ouvi-lo?

A verdade é que me sinto só...

Não sei quando voltarei a escrever-te, diário, pois estou a prever tempestades.

Agora, vou deitar-me e sonhar. sonhar com a família que, um dia, poderei vir a ter...

Jessica dos Santos Sousa, nº 9

"Diário de Hans"

Caro amigo,

parece que aqui me encontro, neste mar que é a minha paixão e a desilusão de muitos. Hoje, tanto eu como a tripulação tivemos um dia agitado. O mar estava agitadíssimo, quebravam ondas no convés e trabalhar era impossível.

Eu, sentado na casa do leme, a perder o controlo, ordenei que todo o trabalho fosse interrompido devido à vasta fúria do mar incontrolável.

Como é incrível, e já de esperar, os homens discordaram e, com tanto trabalho a fazer, decidiram continuar. São incansáveis! Uma queda ali, outra acolá, mas nada que eu imaginasse parecido com o que sucedeu.

Uma onda enorme surge, ai!, só de me lembrar, arrepio-me. Tinha um tamanho interminável e, ao quebrar, cobriu-me todo o barco. Ali, quente e bem sentado, apercebi-me do perigo e fui socorrer os homens. Todos se levantaram, era apenas mais uma queda...Mas não! Faltava alguém e não havia meio de ser encontrado.

Gritos esbaforidos e atrapalhados fizeram-me perceber que tinha ido homem ao mar. Eu e a tripulação, com muito esforço, devido ao mar indomável, retirámo-lo do mar e então tudo ficou bem.

Enfim, vida de mar! Mais um dia, mais uma batalha! Assim me despeço de ti...

Beatriz Marquês, nº 2

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